Janaina Pereira

julho 5, 2015

A utopia brasileira de Stephen Daldry

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Diretor explica em entrevista à GQ porque escolheu o País para ser o cenário de seu novo filme, ‘Trash – A Esperança Vem do Lixo’

Por Janaina Pereira

Stephen Daldry (Foto: Divulgação)

Stephen Daldry não costuma se estender em suas respostas. Longe dos sets de filmagens, o diretor indicado ao Oscar por Billy Elliot, As Horas e O Leitor parece pouco à vontade durante a entrevista, mas não demonstra desconforto com as perguntas, ainda que tenha que repetir mais uma vez porque escolheu o Brasil para filmar Trash – A Esperança Vem do Lixo, seu novo filme que estreiou esta semana somente em solo nacional — a première internacional será ainda em outubro, durante o Festival de Roma.

Daldry conversou com exclusividade com a GQ, horas antes da exibição de Trash no encerramento do Festival do Rio. O diretor contou como foi o período em que morou no Brasil e a experiência de filmar com um elenco que fala outro idioma.

No livro Trash, de Andy Mulligan, o país em que se passa o filme não é especificado. Por que você escolheu o Brasil para desenvolver a história?
Eu tinha três possibilidades: Brasil, Índia e Filipinas. Escolhi o Brasil porque gosto muito do Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus e dono da O2, uma das produtoras do filme) e aqui tem um grande trabalho com não-atores. E eu precisava de crianças com esse olhar da vida difícil, e sabia que aqui poderia encontrar.

Você morou no Brasil antes das filmagens. Como foi essa experiência?
Sim, eu fiquei dois anos no Brasil, incluindo o tempo da filmagem. Eu morei no Rio, e vim primeiro para escolher o elenco e a equipe técnica. Também quis observar os hábitos da população e a situação da cidade. Quando cheguei aqui, fui me apaixonando pelo lugar e pelas pessoas, sempre otimistas. Continuei morando no Rio na época das filmagens.

Aprendeu alguma palavra em português?
Não, não aprendi quase nada.

E como foi trabalhar com um elenco em outro idioma?
Não foi difícil. Eu estava com vontade de fazer um thriller, que fosse em uma outra língua, e de trabalhar com crianças. Foi uma experiência maravilhosa. O Brasil tem grandes talentos em termos de atuação. E eu tinha o Christian Duurvoort (preparador de elenco) sempre por perto para me traduzir tudo.
Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein, os três meninos protagonistas do filme, são a grande revelação de Trash. Como foi o processo de escolher as crianças?
Foi demorado, fizemos vários testes. E depois tínhamos que fazer cenas entre eles, para ver se dava certo. Os primeiros testes tinham cerca de 200 crianças, e fomos testando até chegar aos três que se saíram muito bem. Eles são ótimos.

E como foi filmar com os meninos, que não eram atores profissionais?
Acho bom filmar com não-atores porque eles chegam sem qualquer referência, e neste caso os meninos aprenderam rápido.

Qual o momento do filme você destacaria?
O trabalho dos bastidores. Tive uma equipe maravilhosa, de brasileiros fantásticos, colaboradores brilhantes como os atores Wagner Moura e Selton Mello, me ajudando e me ensinando a contar a história, pensando em personagens que estão nessa sociedade.

Publicado na GQ Online em outubro de 2014. Confira aqui.

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