Janaina Pereira

outubro 17, 2012

Segurança Hospitalar: uma necessidade cada vez maior

Filed under: Científico/Ambiental,Saúde — janapereira @ 11:13 pm

 

Hospitais investem na segurança privada, e empresas buscam aperfeiçoar sistemas para garantir o melhor retorno para o setor

 

Por Janaina Pereira

 

Cada vez mais o segmento hospitalar contrata serviços de Segurança Privada, com equipes treinadas ou contratando empresas especializadas terceirizadas. O objetivo é contribuir com as Organizações hospitalares na busca de criar uma atmosfera mais segura para seus clientes e colaboradores, surgindo então um novo segmento da Segurança Patrimonial, a Segurança Patrimonial Hospitalar.

A Segurança Patrimonial Hospitalar tem evoluído nos últimos anos especialmente porque ocorrências como furto e agressões passaram a ser comuns em hospitais. Além disso, acidentes pessoais e incêndio,  evasão de pacientes e tentativas de suicídio também são casos apresentados em ambiente hospitalar.

Existem dois Manuais de Acreditação Hospitalar, um da ONA (Organização Nacional de Acreditação) e outro da JCI (Joint Comission International), que possuem capítulos dedicados a Gestão de Segurança em Ambientes Hospitalares. Isso confirma a importância desse processo para o setor.

O profissional de Segurança que trabalha em ambientes hospitalares tem de executar os procedimentos de controle de acesso, ter visão analítica permanentemente no ambiente sob a sua vigilância, identificando perigos reais ou potenciais que possam causar danos as pessoas ou ao hospital, e ter uma postura de prevenção. Em situações que haja necessidade, a resposta operacional rápida e eficaz é necessária, tendo sempre uma postura atenta e alerta e com atitude firme, sem truculência, e de maneira comprometida com os princípios de humanização e hospitalidade.

A implantação da Segurança Patrimonial dentro de um ambiente hospitalar é fator de muita complexidade pois depende estabelecer para o serviço, profissionais com alto grau de treinamento específico, e da importância oferecida pela administração hospitalar. A estruturação é tratada com tanta importância que algumas das mais importantes entidades do setor, tanto no Brasil como no exterior, contam com grupos de estudos exclusivamente dedicados ao tema, entre elas estão a ABSEG (Associação Brasileira de Profissionais de Segurança) e a ABSO (Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança Orgânica) no Brasil e a IAHSS (International Association for Healthcare Safety and Security) nos Estados Unidos.

 

O Gerente de Segurança Patrimonial do Hospital Einstein, em São Paulo, Dov Smaletz, conta que o Hospital possui dentro de sua estrutura de Segurança Patrimonial equipes de Vigilantes, Operadores de CFTV (Circuito Fechado de Televisão), Recepcionistas de áreas críticas, Equipe de Bombeiros Civis.

“Eu gerencio essas equipes e me reporto ao Diretor de Engenharia e Manutenção, Sr. Antonio Carlos Cascão. Com relação ao Departamento de Segurança de Informações, este possui uma estrutura que está focada na mitigação dos riscos de vazamento de informações confidenciais e mal uso de equipamentos e das práticas computacionais que potencializam a proliferação de vírus e demais ameaças para o ambiente de TI. Essa área se reporta à Diretoria Financeira”, explica.

Com relação à Tecnologia, o Einstein trabalha com aproximadamente 1250 câmeras IPs. “É o maior parque privado de câmeras IPs. Todas elas são monitoradas pelos operadores de CFTV em nossa Central de Segurança durante as 24Hrs do dia. Utilizamos essas câmeras no monitoramento ativo e passivo de nossas Unidades. Alguns acessos são controlados através de Biometria, mas todos nossos colaboradores e funcionários utilizam-se de crachás I-Class para acesso ao Hospital e às áreas restritas. Cada qual com seu acesso devidamente autorizado e controlado. Quando há alguma divergência e existe a necessidade de algum acesso pontual, podemos realizar a liberação da porta remotamente de dentro de nossa Central de Segurança”, informa Smaletz.

Outra tecnologia importante usada no hospital paulistano é o RFID (Radio Frequency Identification). Como a instituição está praticamente “coberta” pelo cabeamento estrutural, conseguimos utilizar essa tecnologia com acionadores (botões) de pânico que geram informação online de alguma situação de emergência patrimonial/pessoal com um mapa do local do acionamento e informações do ocorrido. Assim, a Central de Segurança do Einstein pode enviar um Vigilante para atender a ocorrência de forma mais rápida e consequentemente mais efetiva, além de monitorarmos a movimentação de ativos de alto valor agregado através de TAGs instalados nos mesmos.

“O nosso Hospital é um “ser mutante”. Está em contínua expansão e constantes alterações de áreas e estrutura. Anualmente nos utilizamos de ferramentas conceituadas para realizamos análises de risco com foco em Segurança Patrimonial, nos adaptando assim para as alterações e reduzindo possíveis ocorrências”, informa.

Uma dessas ferramentas é a utilização da Inteligência Competitiv, que  é uma ferramenta útil quando bem utilizada, conforme explica Smaletz. “Procuramos estudar nosso ambiente, bem como nossos arredores, para nos anteciparmos e atenuarmos riscos. Estudos de relatórios, dados gerados pela Delegacia do Bairro, Análise da evolução da violência urbana são algumas informações que nos auxilia diariamente.”

Existe ainda um banco de dados de ocorrências, inclusive com fotos, que são trocadas entre os Hospitais. Por meio de encontros, troca-se informações e experiências, e é possível, em algumas situações, que essa troca de informações seja eficaz.  Smaletz exemplifica.

“Existia uma quadrilha que furtava equipamentos em hospitais e pertences dos clientes nas áreas comuns. Alertados pelos hospitais aonde eles já haviam passado, comunicamos nossa equipe da situação e quando da tentativa em nossas dependências, pudemos agir com assertividade e eficácia, identificando e impedindo a atuação dos mesmos em nossa Instituição. Meses depois, vimos que a referida quadrilha mudou seu foco passando a atuar em Aeroportos quando efetivamente foram presos. O detalhe é que os componentes da quadrilha era um deficiente físico que não possuía uma das pernas. Quando a quadrilha era descoberta, o mesmo se jogava no chão para distrair a atenção da segurança, permitindo assim, a fuga de seus companheiros.”

 

Cuidados com a Equipe

A Segurança de Informações, assim como a Segurança Patrimonial, somente podem ser consideradas eficazes quando existe o comprometimento e a cultura de segurança na organização. Por isso, o Einstein tem todo um cuidado com a sua equipe.

“Procuramos com Workshops e Treinamentos difundir práticas e atitudes para termos um ambiente Seguro e uma Segurança Participativa com o comprometimento de todos. Aliado a outras ferramentas como análise de indicadores e reuniões de apresentações situacionais para nosso comitê executivo e grupos de liderança conseguimos validar e avaliar as medidas e ações programadas para mitigação e eliminação de riscos apresentados em nossas análises. Trabalhamos ainda com outra importante ferramenta, o LEAN SIX SIGMA. Inclusive, possuímos alguns projetos já concluídos e outros em andamento. Nossas metas constam do Balanced Score Card (BSC) da Diretoria e é avaliada no dashboard.”

Smaletz explica ainda que as imagens geradas pelo CFTV são analisadas pelos operadores de CFTV e quando necessário pelo Gerente de Segurança Patrimonial. “Quando são ocorrências que envolvam funcionários ou procedimentos, a gestão destes é convidada a analisar as imagens para que se tenha uma posição e postura únicas!”, alerta.

Assim como outros hospitais, o Einstein tem como preocupação o bem estar e a segurança dos pacientes e seus acompanhantes, dos colaboradores e  dos prestadores de serviço.

“Nosso Hospital tem uma circulação de aproximadamente 25 mil pessoas por dia em nossos átrios. É maior do que muitos shoppings centers  porém, diferentemente de um centro de compras, nossos clientes não estão em compras ou se divertem. Aqui é um ambiente abençoado. Único. Raros são os locais onde temos todas as emoções possíveis existindo num só local. Sentimentos às vezes conflitantes e críticos. Temos pessoas com a alegria de terem se transformados em pais, avós, tios, instantes atrás; temos aquela pessoa que possui um ente em procedimento cirúrgico e encontra-se aflita por isso; temos o cliente que veio efetuar um exame e está apreensivo; temos famílias enlutadas… Mas o mais importante: temos vida nascendo a cada instante. Todas essas emoções juntas são um risco, pois basta uma “fagulha” para dar “ignição” a algum conflito.”

O Einstein investe na participação de seus colaboradores em congressos e feiras (nacionais e internacionais) capacitando assim seus funcionários. Essa capacitação também ocorre com workshops realizados pelos fabricantes, importadores e desenvolvedores de produtos. Existe ainda cursos realizados pelo nosso departamento de Simulação Realística (TRSA) que proporciona cursos presenciais com varias simulações de situações que nossos colaboradores podem encontrar no seu dia-a-dia.

“Com certeza , isso nos capacita para podermos atuar de forma mais segura e eficaz”, conclui Dov Smaletz.

 

Hospital Mãe de Deus

No hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, a questão de segurança também é prioridade. Segundo Ricardo Sahlberg, gestor da área de Informática do Hospital, existe uma rede interna, com um sistema individualizado e personificado, e um sistema de firewall e softwares de segurança da rede. Também existe uma política interna para uso dos sistemas informatizados, a fim de garantir a segurança das informações.

“Há um controle de acesso ao hospital e há seguranças em todas as áreas públicas do hospital, devidamente identificados e treinados”, informa.

São utilizadas câmeras de segurança com monitoramento online nos espaços públicos do hospital com retenção das informações por 60 dias. Há um sistema de controle de acesso, com catracas eletrônicas, e cada pessoa que ingressa no Hospital possui uma identificação específica que permite que circule apenas nas áreas a que se destina. Por exemplo, apenas os funcionários possuem acesso a todas as áreas do hospital. Pacientes e visitantes recebem crachás que permitem sua entrada no serviço que irá realizar.

Todas as pessoas que ingressam no hospital são identificadas em uma base de dados com fotografias. Também é realizada a partir de políticas internas repassadas continuamente aos colaboradores.

“Na parte de informática, os sistema são continuamente monitorados, atualizados e os colaboradores recebem continuamente informações a respeito”, continua Sahlberg.

A questão da segurança de informações e de acesso ao hospital é considerada prioridade e há um trabalho de repassar informações aos colaboradores por meio de treinamentos, e-mails, jornal interno. Há também um trabalho de informações aos pacientes, através de cartazes, folders, contatos diretos, etc. mostrando a importância de garantir a segurança de quem ingressa no hospital.

“Também nos preocupamos com o monitoramento contínuo das informações, armazenamento adequado, atualização dos colaboradores, identificação das pessoas que podem ter acesso a determinadas informações, rede interna com os usuários identificados”, diz Sahlberg, acrescentando que algumas das empresas que trabalham com o Mãe de Deus são Squatra Consultoria, BioDigital, Digiforte, Topline e Digicom.

Ele acrescenta que, por meio das políticas internas existentes, cada gestor é responsável por garantir a segurança de sua área e das informações existentes, bem como participam da elaboração das políticas internas de segurança. E ainda há treinamento contínuo aos funcionários.

 

Empresas investem no setor

Entre as empresas que trabalham com segurança para os hospitais está a Digiforte, que é uma das responsáveis pelos softwares do hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o Sistema Digifort de Análise de Vídeo permite analisar e identificar aspectos das imagens, como mudanças de cenários, objetos deixados e  retirados, sentido e direção, entre outras funções. O sistema possui módulos de análise que permitem um  monitoramento inteligente, auxiliando os operadores na detecção de eventos.

 

Outro software da empresa é o Sistema LPR Digifort, que realiza o reconhecimento de placas de veículos em baixas e altas velocidades.  O LPR armazenar e gerenciar estas informações num banco de dados próprio, permitindo uma ação específica quando uma placa for identificada.

 

Outros produtos da empresa para a segurança dos hospitais são o Módulo de Alarme e Automação – por meio de uma controladora Commbox I/O com interface Ethernet, desenvolvida especialmente para o Digifort, o usuário pode integrar o sistema de alarme e automação predial de sua empresa, como portões, motores, iluminação, equipamentos, entre outros recursos; e o  Digifort Mobile, que permite que usuários acessem câmeras do servidor Digifort em qualquer lugar, via telefones celulares e dispositivos móveis com tecnologia 3G ou Wireless. Com ele é possível visualizar as imagens do sistema a partir de uma configuração intuitiva e de fácil instalação.

A empresa ainda possui produtos como Monitoramento de câmeras IP, servidores de vídeo, DVR´s, integração e automação de alarmes e controle de acesso, CRM, ERP, Google, biometria, softwares de gestão de cidades, LPR, analíticos vídeos e quatro versões para atender todos os tipos de clientes. A Digifort ainda possui mais de 140 fabricantes, 2500 modelos de câmeras homologadas e mais ONVIF, operando em 12 idiomas.

Outra empresa que também investe na área de segurança hospitalar é a Philips. A companhia possui o software Tasy, que faz a gestão e segurança das informações dos pacientes e mantém o controle de acesso às informações, dispondo de recursos de segurança variados e consistentes, para garantir a sua confidencialidade e a integridade.

Segundo informações da assessoria de imprensa da empresa, o Tasy utiliza de autenticação por meio da biometria do usuário, além da localização de pessoas físicas nas diversas funções do sistema. Isso garante a segurança na realização de um procedimento, por exemplo, além de minimizar a duplicidade no cadastro de pessoa física.

O Sistema Tasy é certificado pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina, nas categorias que têm como premissa a interação entre os sistemas de informação em saúde recomendados pelo Ministério da Saúde e que especifica um grupo de requisitos de segurança como, por exemplo, autenticação de usuário através de certificado e assinatura digital de registros. A certificação determina que o sistema possua procedimentos de segurança das informações armazenadas, com restrições de acesso para diferentes usuários, níveis e controle de senha, além de outros requisitos de segurança.

O Hospital Samaritano e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), em São Paulo, são exemplos de instituições que utilizam o sistema Tasy, que tem participação em diversos hospitais do Brasil.

 

 Publicado na revista Gestão Técnica Hospitalar, setembro/2012

 

 

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